segunda-feira, 20 de abril de 2015

A chegada

Cheguei em Brasília na pior época do ano: a da seca. Trouxe duas malas grandes, com tudo que poderia precisar em um mês (porque voltaria em 30 dias para passar meu aniversário no Rio). No Santos Dumont, em um dos primeiros voos do dia, esperei três horas dentro da aeronave para decolar. Era a neblina que me atrasaria a chegada no cerrado. O voo estava lotado e, como comprei a passagem praticamente na véspera, não tive muita escolha para o assento. O resultado: acabei na cadeira do meio entre dois senhores. Grandes. Gordos. Pensei: "Putz, acho que estou começando com o pé esquerdo." Como já tínhamos embarcado, o jeito era esperar dentro da aeronave.
Era dia de jogo do Brasil pela 1ª fase da Copa do Mundo. Brasil x Chile, e era para eu estar no país das cordilheiras assistindo ao jogo junto aos hermanos da costa pacífica. Já tinha agendado um táxi, a dona do apê que aluguei o quarto (uma espécie de república) me aguardando e eu só conseguia me ver chegando justamente na hora do jogo, sem taxista e perdida em uma cidade em que não queria estar.

No fim das contas, decolamos após três horas do previsto, o taxista estava me esperando e, após conseguir achar o prédio, cheguei ao local onde viveria por quatro meses. Quase na hora do jogo. Fui bem recebida e convidada a assistir ao jogo na Fifa Fan Fest de Brasília, em tese, perto de onde moraria. Disse em tese, porque andamos "pra caraca", no ápice da tarde, na época da seca. (Nessa andança descobri coisas como o "sinal da vida" e me surpreendi com os sotaques, temáticas dos próximos posts). Me senti A desidratada. No fim do jogo, Brasil ganhou suado, retornamos ao apê e eu, sem comer decentemente até início da noite, fiz minha primeira refeição morando sozinha: uma bela lasanha congelada. E dormi como uma pedra.